O problema da desigualdade social
Martim, 16 anos, Albufeira
29 Maio, 2023
A desigualdade social é a desequilibrada distribuição de recursos e oportunidades de uma sociedade, na qual existe uma parte da população beneficiada/privilegiada desses recursos, e outras com carência dos mesmos.
Desde sempre que o homem, na sociedade, criou sistemas e regimes em que a desigualdade social predominou. Na primeira forma de democracia, a democracia ateniense, já existiam os conceitos de cidadão e direito, no entanto crianças, mulheres, metecos (estrangeiros) e escravos não estavam incluídos nesses conceitos. Na época medieval existia uma relação hierárquica de Vassalidade onde o senhor tinha todo o poder sobre o vassalo. Existiram até monarquias absolutas, em que uma única pessoa, o rei, detinha todo o poder sobre o resto da população. Ou seja, o conceito de desigualdade social não é algo novo na história.
Atualmente, ainda é possível verificar essa divisão e desigualdade social, por exemplo, no caso das mulheres, os estudos afirmam que as mulheres ganham 78 cêntimos a menos em relação a cada euro que os homens ganham, apesar de realizarem o mesmo trabalho. Outros estudos feitos demonstram a diferença racial nas oportunidades, que se pode verificar quando uma grande quantidade de currículos de trabalho, completamente idênticos (mesmas experiências, mesmas licenciaturas etc), os currículos com nomes de pessoas negras tiveram 50% menos de hipóteses de serem chamados para uma entrevista do que os que apresentavam nomes “considerados” de pessoas brancas.
Muitas pessoas consideram que a desigualdade social existente não é injusta, e que no caso da diferença salarial entre géneros, a mesma é simplesmente justificada pela falta de motivação das mulheres para trabalhar, e que os homens se esforçam e por isso merecem ganhar mais. Mas essa não é a realidade.
Para contradizer esta ideia, apresenta-se o seguinte exemplo:
Dentro de uma sala de aula, quatro alunos de uma respetiva fila são desafiados a agarrar numa bola de papel, atirar, e acertar no balde do lixo, que se encontra à frente da primeira mesa do primeiro aluno. Ora quando os alunos atiram o papel, claro que os alunos que estavam mais atrás queixaram-se, enquanto os alunos da frente não.
É óbvio que todos têm a mesma oportunidade de atirar a bola de papel para o cesto, no entanto vai ser muito mais difícil para o aluno que está mais atrás do que para o aluno na mesa à frente do lixo. Ou seja, apesar desta situação apresentar uma certa igualdade de oportunidades, as condições não são as mesmas para todos. Isto não quer dizer que quem está na fila da frente não tenha trabalhado para conseguir o que desejava, mas muitas vezes quando alguém se encontra na posição em que este aluno (à frente) estava, acaba por não ver as condições e os privilégios dessa mesma distribuição, enquanto que o individuo que está na fila mais atrás, consegue ver esse privilégio.
Ou seja, normalmente os privilegiados não veem o problema na desigualdade social, e consequentemente não pensam em formas de acabar com o mesmo. Por esta razão é que é de extrema importância ver a perspetiva, ouvir as experiências e dificuldades que cada um passa, para que seja possível haver igualdade.
Ora o filósofo Peter Singer afirma que se não temos de sacrificar algo de importância moral igual, então devemos ajudar quem se encontra em pobreza. O problema é que as pessoas que se apresentam esta situação (em que podem prestar serviços sem perder nada de igual importância moral) muitas vezes acabam por não o fazer, justificam-se com o argumento de que não é da sua obrigação moral ajudar os mais pobres, porque todas as riquezas e objetivos que atingiram foram a partir do seu próprio trabalho árduo, o que é verdade, no entanto é necessário voltar a relembrar o argumento referido em cima dos alunos na sala de aula, que demonstra que apesar de duas pessoas poderem ter as mesmas oportunidades, podem estar sujeitas a condições diferentes. O aluno que está mais à frente, sim trabalha para atirar e acertar com a bola no lixo, mas o aluno que está mais atrás tem de trabalhar muito mais devido aos entraves na sua situação.
Outra grande razão para as pessoas se preocuparem com a desigualdade social é o facto de que as sociedades que apresentam formas de desigualdade social económicas, dão oportunidade às pessoas que apresentam mais riquezas e luxos para ter controlo sobre a vida das outras pessoas por exemplo na área da política, visto que para promover as campanhas políticas são necessárias grandes contribuições de dinheiro, ou seja provenientes de pessoas com riquezas, essas campanhas vão sempre responder mais às necessidades e desejos dos mais abastados, e as pessoas com menores condições e rodeadas de pobreza vão ser menos representadas e ouvidas.
Concluímos então, que, mesmo no dia de hoje, existe desigualdade social apesar da suposta igualdade de oportunidades, mas não de condições, e que essas oportunidades são completamente influenciadas pelo dinheiro, que determina a forma como as pessoas vivem, em divisões sociais privilegiadas e não privilegiadas e que é de extrema importância as pessoas se preocuparem com a desigualdade/divisão social, visto que como vimos, as pessoas até podem ter acesso ás mesmas oportunidades, mas não apresentando as mesmas condições, não então diferenças justas.